domingo, 8 de março de 2015

O que querem as Mulheres ? Apenas um Dia Especial ?

Não basta ! Há muito ainda a que lutar...

"Por um mundo onde sejamos socialmente iguais,
humanamente diferentes e totalmente livres."

Rosa Luxemburgo


Com um Congresso conservador e a mínima representação de mulheres no Parlamento em apenas 10%,  jamais alcançaremos o reconhecimento dos  direitos das mulheres e implícita transformação da sociedade, como: Descriminalização  e legalização do Aborto, Isonomia Salarial, dentre outros tantos direitos urgentes.

Recentemente, conquistamos a consideração do Feminicídio como crime qualificado e a autonomia das mães registrarem os filhos em cartório. Mas, como eleitoras no percentual de 52%, não basta ter uma Chefe de Estado Mulher.

Conquistamos também, anos atrás a Lei Maria da Penha contra a violência doméstica que apesar de um marco nas questões femininas ainda não é plenamente respeitada pela Justiça. Eis que, a violência moral, psicológica, sexual e principalmente a patrimonial não são consideradas. Não se trata apenas e tão somente, a violência física como é alardeada nos noticiários.

Como bem definiu Lênin, lá no ano de 1920, "O capitalismo alia à igualdade puramente formal a desigualdade econômica e, portanto, social. Essa é uma de suas características fundamentais hipocritamente dissimulada pelos defensores da burguesia, pelos liberais e não compreendida pelos democratas pequeno-burgueses." E, ainda que "o capitalismo não pode dar prova de coerência. E uma das manifestações mais eloqüentes de sua incoerência é a desigualdade entre o homem e a mulher. Nenhum Estado burguês, por mais progressista republicano e democrático que fosse, concedeu completa igualdade de direitos ao homem e à mulher." V. I. Lênin em O Socialismo e a Emancipação da Mulher).

No entanto, em pleno ano 2015, ainda não conquistamos a igualdade jurídica da mulher. Já que, temos a interrupção da gravidez não desejada tipificada como crime. E, aí vale refletir a questão da desigualdade social das mulheres, como define Alexandra Kollontai "Qual o objetivo das feministas burguesas? Conseguir os mesmos avanços, o mesmo poder, os mesmos direitos na sociedade capitalista que possuem agora os seus maridos, pais e irmãos. Qual o objetivo das operárias socialistas? Abolir todo o tipo de privilégios que derivem do nascimento ou da riqueza. À mulher operária é-lhe indiferente se o seu patrão é um homem ou uma mulher."(Alexandra Kollontai em O Dia da Mulher).

Pois bem, ninguém defende o aborto como forma de anti-concepção, apenas temos que considerar que a interrupção da gravidez indesejada é uma decisão de autonomia da mulher. Ouso dizer que é um Direito Personalíssimo da Mulher sobre seu corpo. Mas, hipocritamente o aborto já é uma realidade, tendo em vista que as mulheres da classe socialmente dominante já praticam a interrupção da gravidez em clínicas privadas e especializadas. Enquanto que, a mulher pobre é submetida aos riscos de aborteiros clandestinos aumentando as estatísticas de óbitos.

No entanto, alguns direitos já conquistados estão hoje perigando ao retrocesso com o Estatuto do Nascituro, cujo criacionismo legislativo insiste em revogar tais direitos como: o aborto em casos de estupro, de fetos anencéfalos e quando causam risco à vida da mulher.

Outra importante questão, são as várias jornadas de trabalho enfrentadas pelas mulheres, lhes proporcionando apenas o direito previdenciário de uma aposentadoria igualmente à dos homens que exercem apenas uma jornada laboral. E, a situação ainda se mostra desigual nas condições sociais dessas mulheres. Pois, a mulher operária que absorve várias jornadas de trabalho, desde a jornada profissional, aos cuidados da casa, criação dos filhos e atenção ao marido, não conta com ajuda externa e nem do Estado. Enquanto, perde muitas horas no trajeto de ida e volta do trabalho para casa, dado a precariedade do transporte público e a ausência de planejamento da mobilidade urbana. 

Portanto, urge que haja uma representação política da Mulher mais efetiva na proporção em torno de 50% de ocupação nas cadeiras do Parlamento. Então, somente assim começaremos exercer nossas reais conquistas de direitos. 

Por fim, retornando à Kollontai, a data de hoje... "Deixa um sentimento alegre de servir à causa comum da classe trabalhadora e de luta simultaneamente pela emancipação feminina inspire os trabalhadores a unirem-se à celebração do Dia da Mulher."