quarta-feira, 13 de junho de 2012

"TOMATES VERDES FRITOS" ou "IMPÉRIO DOS SENTIDOS" ???

Um crime recente abalou a opinião pública, trata-se do assassinato do empresário Marcos Kitano Matsunaga, 42 anos, executivo da Yoki, pela mulher, Elise Araújo Kitano Matsunaga, 38 anos, por conta da traição do marido. 




De acordo com o interrogatório, Elise confessou ter matado o marido com um tiro e depois esquartejado-o no banheiro do lar conjugal. Afirma, ter descoberto a traição do empresário e que, durante a discussão, foi agredida e sacou a pistola atirando no marido.

Em publicação, no Jornal do Brasil em 08/06/2012, adiante:

Ex-prostituta, viúva de executivo da Yoki temia perder a guarda da filha 


O receio de perder a guarda da filha de 1 ano em uma provável separação motivou Elize Matsunaga, 38 anos, a matar e esquartejar o marido, o executivo da Yoki, Marcos Matsunaga, 42 anos, justifica o advogado de Elize, Luciano Santoro. 

Segundo ele, o casal atravessava uma crise conjugal havia pelo menos seis meses e ela pediu a separação três vezes, mas o marido dizia que se ela fosse embora, ficaria sem a filha. As informações foram publicadas no jornal Folha de S. Paulo.

O advogado revelou ainda que Matsunaga conheceu Elize em um site de relacionamento, quando ela era garota de programa. Ao contrário do que afirma a polícia, Santoro alega que a decisão de confessar o crime partiu da própria cliente. Ele conta que no depoimento Elize pressionou o marido sobre a traição descoberta por um detetive e acabou agredida com um tapa no rosto. No revide, pegou uma pistola de calibre 380 e atirou em sua cabeça. A arma foi encontrada na perícia realizada no apartamento do casal depois da confissão, em um dos banheiros transformados pelo executivo em um cofre para guardar as 30 armas e cerca de 10 mil projéteis que colecionava.

Muito embora, Elise fosse ex-prostituta, o que leva uma mulher cometer tal crime por traição do marido com outra prostituta?

Parece que o empresário era dado a buscar relacionamentos na internet, e com a desculpa de todo homem casado para atrair a amante, disse não estar bem no casamento. Como se isso, fosse motivo de um álibi perfeito para trair. Não somente, trair em um caso amoroso clandestino, como ainda desviar o patrimônio do casal. Tendo em vista, que conforme os noticiários a amante ganhou do empresário um carro no valor de R$ 100 mil reais e, contava com uma pensão mensal de R$ 27 mil reais, com o primeiro pagamento no início de maio.

Não obstante, a cultura oriental divergir com a ocidental nas questões da mulher. Obviamente, não justifica um crime desses, mas há alguns indícios da personalidade da vitima que devem ser considerados. Pois, também o que leva um homem bem sucedido a procurar por garotas de programas? A coisificação da mulher está clara, como um objeto a ser comprado, usado e descartado. 

Por derradeiro, do relacionamento conjugal há uma criança em tenra idade que foi objeto de ameaça pelo pai em deter sua guarda, conforme alega a mulher. Talvez, o desespero por conta de uma mãe ameaçada com a perda da prole, culminado com o estado emocional abalado tenha contribuído para o desfecho trágico.

O famoso filme "Império dos sentidos", sempre me intrigou quanto a perversão sexual, mas está nítido que a vitima tanto fez que conseguiu levar àquela mulher ao crime. Não muito diferente, Rubem Fonseca, também apresenta uma trama semelhante em "O Caso Morel". Nessas obras, a opinião pública pode ter julgado os criminosos à condenação.

Entretanto, no filme "Tomates Verdes Fritos" acredito que a maioria defendeu a esquartejadora que foi mais além, induzindo a prática de canibalismo à autoridade coatora. 

Difícil a situação de defesa de Elise, não ? Nada justifica a impunidade de um crime contra a vida, mas ela ultrapassou a tênue linha de um assassinato chegando a outros crimes que ensejam agravantes. 

Todavia, se a filha do casal tem 1 ano de idade, ainda existe a possibilidade de um estado puerperal que no caso houve, diante do alegado, um estado de desiquilíbrio mental diante do temor da perda da guarda da filha. Elise ainda, devia sentir-se inferior pela condição pretérita de garota de programa, cuja baixa-estima juntamente com a humilhação de ser preterida por outra mulher na idêntica condição profissional. 

Por conseguinte, ninguém saberá se na intimidade desse casal havia assédio moral por parte do marido, culminando com um "feminicídio" psicológico. Difícil concluir simplesmente se Elise esquartejou conscientemente ou se, o ato seja proveniente de um estresse grave causando um descontrole mental passível de aniquilamento da figura masculina que representava tantos algozes sexuais. 

Desta forma, seria prematuro o diagnóstico de que trata-se de uma psicopata, como têm apontado as opiniões de alguns especialistas.

Em suma, nada justifica a criminalidade, o homicídio, mas como operadora do direito tenho o vício pelo ofício em me colocar no lugar do advogado de defesa ou de acusação. 


Fonte: http://www.jb.com.br/

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