domingo, 13 de maio de 2012

A tal da Culpa Materna...


"Uma mulher não pode ganhar o sustento e criar os filhos ao mesmo tempo..."  Freud

Será que o Pai da Psicanálise tinha razão ?



Somos obrigadas a dar conta da administração do lar familiar, cujas atribuições muitas vezes delegamos às outras mulheres que as delegam às outras mulheres ou filhas, num movimento cíclico e contínuo dos resquícios do patriarcado marcado a ferro e fogo em nossa obsoleta e retrograda legislação civil. Pois, quem teve Rui Barbosa como jurista condecorado, não precisa dizer mais nada.

Voltando a questão da culpa, relembremos nossa cultura religiosa judaico-cristã, donde a representação da mulher deu-se, através de Madalena conceituada como prostituta. Pois, Maria, mãe do filho do Homem, era pura e casta exibindo José, apenas como provedor e meramente coadjuvante na representação paterna.

Séculos e séculos se passaram e as mulheres a passos lentos foram praticamente mendigando algum espaço na sociedade patriarcal. Ora, pois ! Nosso “Y” vem do pai, nos casamos com “Y” e damos a luz às vezes ao “Y”. Difícil situação, reivindicar nossos direitos estando cercadas do poder masculino, seja pelo pai, companheiro ou filho. Operários lutaram por seus direitos contra os patrões, negros lutaram por seus  direitos contra os brancos e, nós mulheres ? Temos que lutar contra nossos pais, maridos e filhos ?

Muita coisa mudou, vagarosamente, mas mesmo assim chegamos lá. Só que de contrapartida, amargamos um castigo pela ousadia de nos indignar em lutar pela liberdade. Continuamos ternas nas questões do amor e acabamos oferecendo o dedo anelar esquerdo para um grilhão disfarçado de comunhão. E, voltamos tudo de novo... Casamos, procriamos, trabalhamos em tripla jornada e quando o conto de fada se acaba, ficamos desamparadas criando sozinhas nossos filhos e lutando de sol a sol pela sobrevivência.

Levantamos todas as manhãs com o torturante despertador, administramos nosso lar com todos os incessantes afazeres domésticos, rumamos ao trabalho para colocarmos o pão à mesa, chegamos já cansadas na roda viva laborativa e o dia transcorre nesse zig-zag sempre com a culpa martelando por não estarmos tão presentes na vida de nossos filhos.

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