quinta-feira, 19 de maio de 2011

Amante confessa crime no motel

Crime no motel: Defesa alega que jovem sofre de síndrome do pânico


Rodolfo Thompson, advogado de defesa de Verônica Verone, suspeita de matar o empresário Fábio Gabriel Rodrigues em um motel em Niterói no sábado, afirmou que sua cliente teve a intenção de ferir gravemente o empresário. No entanto, o advogado alega que Verônica sofre de "síndrome do pânico em alto grau" e que a jovem reagiu ao que pensou ser uma tentativa de abuso por parte de Fábio.

Thompson acompanha, nesta quarta-feira, o depoimento da mãe de Verônica na 77ª Delegacia de Polícia em Niterói. Segundo ele, a mãe foi a primeira pessoa com quem Verônica fez contato após o incidente. "Ela achou que tivesse matado o Fábio e ligou desesperada para a mãe. Não chamou a ambulância, procurou a família primeiro", afirmou. De acordo com o advogado, Verônica sofreu abuso sexual quando tinha entre sete e oito anos. Sem identificar quem teria cometido o abuso que teria traumatizado a jovem, Thompson afirmou que o ato pode ter continuado durante a adolescência e até "recentemente".

Se confirmada a morte por enforcamento, Verônica responderá por homicídio doloso, com intenção de matar. Thompson alega que sua cliente agiu em decorrência de distúrbio psíquico. O advogado diz ainda que o empresário ingeriu um produto químico de limpeza. Segundo sua versão, Fábio estava embriagado e tomou o produto na casa de Verônica, antes de ir para o motel. Thompson afirma ainda que Verônica nunca teve relações sexuais com o empresário e que a relação dos dois era de amizade. Os dois teriam ido ao motel porque Fábio queria beber à vontade, segundo Thompson.

A delegada Juliana Rattes marcou para sábado a reconstituição do crime. Para ela, é importante saber se Verônica teria condições de arrastar sozinha o corpo do empresário até próximo ao carro que estava no andar de baixo ou se ela pode ter contado com ajuda. Segundo a delegada, o envolvimento de uma terceira pessoa não está descartado. Verônica teria mencionado em depoimento um namoro que manteria há três meses com um rapaz do Rio de Janeiro.

Rattes também solicitou urgência ao instituto Carlos Éboli para a análise toxicológica do corpo de Fábio. É preciso saber o que ele ingeriu e se a morte foi causada por enforcamento ou por envenenamento.

O crime

Verônica Verone de Paiva, 18 anos, é suspeita de enforcar até a morte o empresário Fabio Gabriel Rodrigues, 33 anos, em um motel de Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro, na madrugada do dia 14 de maio. Amante de Fábio há dois anos, Verônica se dirigiu à 77ª DP (Icaraí) após o crime, onde alegou legítima defesa.

A jovem acusou o empresário de tentar estuprá-la e admitiu ter estrangulado Rodrigues com um cinto. A família do homem disse que ela já havia feito ameaças contra ele. O corpo de Fabio foi enterrado no domingo no Cemitério Parque da Paz, em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio. De acordo com as investigações, o casal chegou ao motel por volta de 2h de sábado. Verônica afirmou que, antes, os dois passaram por favelas para comprar cocaína e maconha.

Fonte: Matéria publicado por Luís Bulcão no http://www.jb.com.br/
___________________________________________________

Há várias questões a serem refletidas antes do crime em si, desde a infidelidade como a mudança nos costumes da sociedade contemporânea. De acordo com as considerações estatísticas da pesquisadora Elza Berquó em “A família no século XXI”, a quantidade de mulheres solteiras ou descasadas são muito maior em relação aos homens, o que acarretaria se relacionarem com homens casados. Evidenciando assim, um contigente bastante significativo dos casos extraconjugais.

Entretanto, com o movimento feminista na conquista de direitos iguais, as amantes não se consideram a “outra”, como destruidoras de lares e sim, pleiteando os mesmos direitos afetivos relativos à esposa. Assim, o que levaria essas mulheres disputarem homens casados ?

Há também, uma pesquisa muito interessante sobre o assunto da antropóloga Mirian Goldenberg em suas obras “A Outra: um estudo antropológico sobre a identidade da amante do homem casado” e “Infiel. Notas de uma antropóloga”, corroborando com a mudança nos costumes brasileiros em relação ao universo das relações extraconjugais.

Mais impressionante ainda, por quê uma jovem bonita como Verônica é inserida numa relação com um parceiro casado levando ao extremo desfecho supra noticiado.

Não obstante, a relação clandestina da jovem em questão cabe também, apontar a patologia levantada por seu advogado de defesa, Dr. Rodolfo Thompson, objetivando uma atenuante caso sua cliente venha ser penalizada pelo fato ocorrido.

Consoante, ao CID-10 (Classificação Internacional de Doenças), a conhecida Síndrome do Pânico trata-se de Transtornos Fóbico-Ansiosos. A seguir classificado:
 
“F40 - TRANSTORNOS FÓBICOS-ANSIOSOS - CID.10

Grupo de transtornos nos quais uma ansiedade é desencadeada exclusiva ou essencialmente por situações nitidamente determinadas que não apresentam atualmente nenhum perigo real. Estas situações são, por esse motivo, evitadas ou suportadas com temor.

As preocupações do sujeito podem estar centradas sobre sintomas individuais tais como palpitações ou uma impressão de desmaio, e freqüentemente se associam com medo de morrer, perda do autocontrole ou de ficar louco. A simples evocação de uma situação fóbica desencadeia em geral ansiedade antecipatória.

A ansiedade fóbica freqüentemente se associa a uma depressão. Para determinar se convém fazer dois diagnósticos (ansiedade fóbica e episódio depressivo) ou um só (ansiedade fóbica ou episódio depressivo), é preciso levar em conta a ordem de ocorrência dos transtornos e as medidas terapêuticas que são consideradas no momento do exame."


Outrossim, a Revista Scientific American publica matéria a respeito da aludida patologia, a seguir transcrita.

“O que é síndrome do pânico?
As crises, que envolvem taquicardia e a sensação de morte iminente, são conseqüências da ansiedade patológica

O ar parece faltar, o coração fica acelerado, o suor empapa a roupa. Esses são apenas alguns sintomas de uma crise de síndrome do pânico, também caracterizada por boca seca, tremores, tonturas e um mal-estar geral, acompanhados pela sensação de que algo terrível irá acontecer. A pessoa sente que pode morrer ou enlouquecer nos minutos seguintes.

Esse transtorno é causado pela chamada ansiedade patológica. De acordo com os psicólogos, a ansiedade é um estado emocional natural, e é completamente normal o sentimento de querer antecipar o futuro para evitar perigos ou tentar controlar danos. O problema fica caracterizado quando essa ansiedade começa a causar sofrimento demais para a pessoa. A preocupação culmina nas crises, e a pessoa fica ainda mais ansiosa porque não sabe quando a próxima irá acontecer.

Geralmente, a síndrome do pânico acontece no começo da vida adulta, e aparece em situações de estresse, como pressões no trabalho, no casamento ou na família, em que a pessoa se sente desamparada. O transtorno é de duas a quatro vezes mais freqüente nas mulheres, mas também pode ocorrer com sinais semelhantes nos homens. É claro que um único episódio de crise de ansiedade não caracteriza a síndrome do pânico, mas crises repetidas levam ao desenvolvimento do transtorno.

A maioria dos pacientes passa por vários médicos de especialidades diferentes em busca de uma resposta e do tratamento para tamanha ansiedade, sem saber ou, às vezes, aceitar, que tantos sintomas físicos sejam proveniente de problemas emocionais. Felizmente, o transtorno tem tratamento e, quanto mais precoce o diagnóstico, maiores são as chances de recuperação. Cada caso é especial, mas geralmente a pessoa é tratada com sessões de psicoterapia e medicamentos. Ela já começa a melhorar entre duas e quatro semanas, mas geralmente leva um ano para se recuperar. Raramente há cura espontânea e, apesar de muitas pessoas ainda colocarem em xeque a relevância de complicações psicológicas, a síndrome do pânico deve ser tratada como doença. Caso contrário, pode levar a complicações ainda maiores: depressão, desenvolvimento de outros transtornos de ansiedade, e abuso de álcool e/ou de sedativos, com prejuízos para a vida profissional, social e familiar.”


Resta então saber, se a patologia levantada pela defesa levaria a jovem ao surto capacitante de comer o homocídio. Ainda é cedo, para averiguarmos o caso e a perícia será fundamental para elucidão do crime.

Fontes: CID-10, Scientific American Brasil, Mirian Goldenberg e Elza Berquó.

Nenhum comentário:

Postar um comentário